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Gabriel Leone enfim se assume cantor em 2026 com álbum em que interpreta Djavan, Guinga, Ivan Lins e João Bosco

Gabriel Leone põe voz no estúdio de São Paulo (SP) em que gravou o álbum 'Minhas lágrimas' Reprodução / Instagram Gabriel Leone ♫ ANÁLISE ♬ Após ta...

Gabriel Leone enfim se assume cantor em 2026 com álbum em que interpreta Djavan, Guinga, Ivan Lins e João Bosco
Gabriel Leone enfim se assume cantor em 2026 com álbum em que interpreta Djavan, Guinga, Ivan Lins e João Bosco (Foto: Reprodução)

Gabriel Leone põe voz no estúdio de São Paulo (SP) em que gravou o álbum 'Minhas lágrimas' Reprodução / Instagram Gabriel Leone ♫ ANÁLISE ♬ Após tantas conexões com a música brasileira ao longo da carreira como ator, soa natural que o carioca Gabriel Leone Coutinho Miranda Frota se assuma oficialmente cantor e inicie enfim, aos 32 anos, carreira fonográfica sem associação com personagem de série, novela ou filme. Um ano após dividir o estúdio com o grupo Boca Livre no single Benefício (2024), Leone se prepara para lançar o primeiro álbum em 2026. Um disco de intérprete já em fase de mixagem e masterização. Um álbum de MPB gravado em estúdio da cidade de São Paulo (SP) com produção musical de Marcus Preto e Tó Brandileone. O álbum se chama Minhas lágrimas – título tomado emprestado do nome da música de Caetano Veloso lançada pelo autor no álbum Cê (2006) – e tem 10 faixas, já tendo sido idealizado para ser lançado no formato físico de LP após a edição digital. O repertório gravita em torno das obras de ícones da MPB, com ênfase nos chamados lados B. De Djavan, por exemplo, Gabriel Leone aborda a pouco lembrada Segredo, balada de acento blues apresentada pelo compositor no álbum Meu lado (1986). De Guinga, a música escolhida foi o Bolero de Satã, parceria do compositor com Paulo César Pinheiro propagada por Elis Regina (1945 – 1982) em dueto com Cauby Peixoto (1931 – 2016) em gravação de 1979, mas lançada na voz de José Milton em disco de 1976, mesmo ano em que Guilherme Arantes apresentou no primeiro álbum solo a música Antes da chuva chegar, pérola pescada no baú para o disco de Leone. Da parceria fundamental de Ivan Lins com Vitor Martins, Gabriel Leone escolheu Choro das águas (1977). De Paulo Vanzolini (1924 – 2013), o artista selecionou Cara limpa (1974), samba de versos resignados que expõem a melancolia entranhada no repertório do álbum sintomaticamente intitulado Minhas lágrimas. Nesse tom de resignação com a sofrência na lida da vida, Gabriel Leone também regravou Assim sem mais (João Bosco, Antonio Cícero e Waly Salomão) – música lançada por João Bosco no álbum Zona de fronteira (1991) – e Êta nóis (Luhli e Lucina, 1984), faixa que junta Leone com Ney Matogrosso, intérprete original da composição. Também figura no repertório do álbum Minhas lágrimas uma música do compositor mineiro Celso Adolfo, Nós dois, apresentada pelo cantor Tadeu Franco no álbum Cativante (1983). Inusitada, a seleção do repertório do álbum Minhas lágrimas sinaliza que o ator e (agora oficialmente) cantor tem grande conhecimento da história e do acervo da música brasileira, território no qual Gabriel Leone já pisara como ator em gravações feitas para as trilhas sonoras de filmes e séries como Os dias eram assim (2017), Minha fama de mau (2019), Além da lenda (2022) e Meu álbum de amores (2022). Neste filme de Rafael Gomes, cuja trilha sonora foi composta por Arnaldo Antunes e Odair José, o ator deu voz e vida a Odilon Ricardo, cantor associado à música dita cafona. Em Minhas lágrimas, álbum que será lançado pela gravadora Som Livre, Gabriel Leone escancara a preferência por compositores da música rotulada como MPB em opção estética que indica que o cantor debutante está mais preocupado com resultados artísticos do que comerciais.